07.02.2015
Já passei por muitos dramas nessa vida, mas um dos piores com certeza
foi o que costumo chamar de “o dia em que o meu celular caiu dentro do vaso
sanitário”. Aconteceu há 11 anos, mas eu lembro desse dia como se fosse ontem,
tão traumatizante foi. Na época estava mais para drama princess do que drama
queen, já que tinha só 15 anos, mas o escândalo foi o suficiente para que
qualquer rainha ajeitasse a coroa com medo de eu roubá-la da sua cabeça.
Lá estava eu, toda serelepe e alegre no auge da adolescência, porque
eu tinha um celular lindão e novo. Eles ainda eram muito caros e eu tinha
ganhado o meu há pouco tempo. Antes eu e a minha irmã dividíamos um daqueles
que trocavam a capinha colorida, mas agora eu tinha um só para mim. E era um
modelo novo, todo diferente. Eu estava muito feliz com ele.
Um belo domingo fui com a minha família almoçar no restaurante de um
shopping. Com 15 anos eu nem sempre usava bolsa, então colocava o celular no
bolso. Assim que chegamos, fui ao banheiro. Apesar do celular ser imenso,
esqueci que ele estava no bolso de trás da minha calça. Quando abaixei a calça,
o meu aparelho foi direto para dentro do vaso.
Comecei a gritar desesperada. Sempre fui meio nojentinha com coisas
sujas. Meu pai até me apelidou de Limpolfa, haha. Como que eu resgataria meu
amado celular de dentro do vaso? Tudo bem que estava limpo, até com
desinfetante azul, mas mesmo assim, né? Pensei seriamente em me desapegar, dar
descarga para ver se ele ia embora. Até que eu percebi que como ele era bem
grande, um terço dele, inclusive a sua antena (Vocês se lembram de quando celular
tinha antena ainda?), estava para fora da água. Juntando toda minha coragem,
puxei-o pela antena seca encostando nele o mínimo possível, abri a torneira e
deixei lá de molho.
Por vários minutos o celular tomou banho e até joguei um álcool em gel
que estava na pia. Se fosse para estragar, já estava estragado, então nem me
preocupei se ia danificar mais com o que estava fazendo. Quando julguei que
estava suficientemente limpo, sequei com papel toalha e voltei para a mesa da
minha família fazendo o maior escândalo.
– Ô, mãããããããe, meu celular caiu no vasoooooooooo! – Eu estava
chorosa.

Pensando que ia receber um tratamento solidário, todo mundo começou a
rir de mim. Justo a Limpolfa da família teve o celular nadando no vaso. Ironias
da vida.
Tentamos fazer funcionar, mas nada de o celular recobrar a vida. Meu
pai ia viajar no dia seguinte e passar um mês fora. Como era muito caro, eu
teria que esperar ele voltar para decidir se ia ganhar um novo. Lágrimas e mais
lágrimas rolaram no rostinho adolescente desta que vos fala.
Passei os três dias seguintes com o celular desmontado suspirando
infeliz. Até que eu decidi montá-lo de novo, só para ver ele inteiro mais uma
vez. E não é que funcionou? O tempo que passou secando em pedaços fez com que se
recuperasse!
Passei ainda uns quatro anos com aquele celular, eles não eram
descartáveis e com tempo útil de vida como hoje. Mas sempre que emprestava para
algum amigo e a pessoa já estava com ele na orelha e perto da boca, eu falava
implicando:
 – Ei, não chega muito perto. Você vai encostar
em água de privada!

Depois desse episódio nunca mais deixei de verificar se tinha algo no
meu bolso antes de abaixar a calça. Mesmo se eu não tenho bolso, faço isso até
hoje.

O Projeto Drama Queen é uma parceria entre o
Casos Acasos e Livros e o Pequena Jornalista, com histórias e
atitudes reais recheadas de muito exagero, ironia e sarcasmo. Quer ver os
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Beijos e tomem cuidado com o celular no bolso,
Teca Machado. 
Autora do romance chick lit I Love New York, Teca Machado é uma devoradora de livros e filmes desde 1988 (Ok, mentira, desde 1994, quando aprendeu a ler). Alguém que compra livros pela capa, chora até com propaganda de margarina, é apaixonada por trailers, tem gostos mais adolescentes do que meninas de 14 anos, sonha com dinossauros e com o Bon Jovi, dá risada de si mesma, canta alto e dança no carro e pretende ser autora de Best Sellers. ;-)  * Dona do Blog Casos Acasos & Livros
carol

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